sábado, junho 07, 2008

O BRASIL EM NEW YORK

 

BRAINBOX

Os brasileiros que forem passar por Nova York nos próximos dias poderão acompanhar de perto a exposição de peças ambientalmente corretas do Museu de Arte Moderna da cidade (MoMA). Mas não é preciso ir tão longe para conhecer estes novos conceitos, pois as produções ambientalmente sustentáveis e economicamente viáveis passaram a ser adotadas no dia-a-dia, contribuindo diretamente para a origem do ecodesign, o design ambientalmente correto.

O ecodesign faz referência a todo o processo de produção que engloba aspectos ambientais em todos os estágios de desenvolvimento de um produto. “O design ecologicamente correto nos faz pensar e executar projetos usando materiais alternativos, menos poluentes, reaproveitando matéria-prima e estimulando os consumidores a adotarem essa idéia”, explica o designer Zeh Rodrigues, proprietário do estúdio Brainbox Design Estratégico.

Os produtos ecologicamente corretos reduzem os impactos ambientais durante seu ciclo de vida, diminuindo a geração de lixo, economizando custos e incentivando a implementação de novas técnicas de produção, unindo o que é tecnicamente possível com o que é desejado para a manutenção e preservação do meio ambiente. Sendo assim, eles contribuem diretamente para a quebra de muitos paradigmas, testando novas soluções e procurando novos caminhos, gerando desenvolvimento em todas as áreas da sociedade.

Seguindo a tendência de muitos países da Europa nos últimos anos, grandes estilistas do Brasil têm utilizado em suas criações aspectos mais conscientes. Nomes como Alexandre Herchcovitch, Reinaldo Lourenço e Glória Coelho aderiram à linha do ecodesign e passaram a criar tecidos ambientalmente corretos, utilizando as fibras e tintas naturais e a reciclagem de roupas e objetos usados.

Um dos principais exemplos da moda ecologicamente correta são as roupas fabricadas com fibras retiradas do bambu. Além de ser uma matéria prima renovável e biodegradável, a fibra do bambu dá um toque de leveza às roupas e mantém a capacidade termodinâmica das peças fabricadas. Outro material renovável que chama muita atenção e que vem sendo muito utilizado pela indústria do vestuário é a fibra oriunda da reciclagem de garrafas PET. Ao contrário do que muitas pessoas imaginam, o material feito a partir das garrafas dá origem a tecidos macios e agradáveis, muito utilizados na fabricação de camisetas e bonés.

Desde 1997, antes mesmo do ecodesign se popularizar, a grife curitibana Original Truck aproveita materiais reutilizáveis, como as lonas de caminhão, para produzir roupas e acessórios. A marca sempre apostou em materiais que não agridam o meio ambiente e que sejam economicamente viáveis, tornando a produção ambientalmente correta um fundamento básico em suas criações.

O estúdio Brainbox Design Estratégico, inaugurado no início de 2008, também é um empreendimento que encontrou o diferencial para o sucesso empresarial na adoção de conceitos do ecodesign. O estúdio se destaca pela busca incansável de técnicas ecologicamente corretas que diminuam ao mínimo possível os impactos ambientais e sociais causados por suas criações. “A papelaria do nosso estúdio é um bom exemplo de uso de materiais alternativos. Existe ainda um certo receio em usar papéis reciclados na impressão de peças gráficas. Preocupa-se com o resultado final, com a qualidade das cores impressas e do acabamento, mas nós estamos comprovando exatamente o contrário com nossos materiais. As pessoas se impressionam com o acabamento e com a solução diferenciada das peças”, explica Zeh Rodrigues.

Além de trabalhar com materiais recicláveis, o estúdio tem outras medidas que colaboram para a diminuição dos impactos ambientais. “Nós usamos apenas luz natural até às 17h. Usamos toalha de pano em nosso banheiro e até copos de vidro reciclável. 100% das nossas criações são apresentadas virtualmente. Sendo assim, não precisamos usar pranchas em apresentações para os clientes. Economizamos papel, cola, tempo, energia e tinta com esse processo. Incentivamos também os nossos clientes a usarem materiais impressos que agridam menos o meio ambiente”, conta o designer. Zeh Rodrigues acredita que cada cidadão é responsável pelo mundo em que vive e deve fazer sua parte para a preservação do meio ambiente. “A sociedade tem que se acostumar a pensar e usar materiais alternativos, pois as atitudes ecologicamente corretas são questões de hábito. Os materiais estão ao alcance de todos, cada vez mais baratos e acessíveis. Basta vontade”, afirma ele.

A busca pelos novos conceitos de ecodesign é tão significativo que a Universidade da Indústria de Curitiba (Unindus) decidiu criar um Programa de Formação em Ecodesign. O curso é voltado para gestores e líderes de produção, consultores industriais e comerciais, profissionais graduados nas áreas de design, engenharia, arquitetura, gestão ambiental, economia, comunicação, marketing, entre outras e tem como objetivo é capacitar profissionais na utilização da abordagem metodológica do ecodesign, de modo a reduzir impactos ambiental e social de produtos industriais economicamente viáveis e inovadores, dando aos alunos uma visão de produção ambientalmente adequada.

Para muitos empresários, em breve, a produção ecologicamente correta se transformará em um pré-requisito indispensável para alcançar o sucesso no mercado. Os clientes passarão a confiar mais nas empresas que atuam de maneira ambientalmente responsável. “Acredito que deve haver uma cobrança em todas as esferas da sociedade. Governo, iniciativa privada, ONGs e Igreja. Enfim, a conscientização começa pela educação de base até o 3º grau. Fiscalização, leis, incentivos, enfim, uma séria de ações que norteiem e cobrem os cidadãos e as empresas”, finaliza o designer Zeh Rodrigues.

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