Comecei minha carreira na propaganda no final dos anos 70, antes mesmo de entrar na faculdade.
Naquela época o marketing de comunicação passava por algumas transformações.
A principal transformação foi a migração dos estúdios de criação e departamentos de mídia que algumas empresas cultivavam em seus próprios territórios, para o formato de agências independentes.
As "Houses" estavam perdendo seu espaço, pois o mercado detectou necessidades de se buscar uma prestação de serviços mais qualificada e manter uma estrutura própria naquela época era algo oneroso para as empresas.
Muitas agências surgiram deste formato.
O mercado publicitário cresceu tremendamente.
Os profissionais ficaram cada vez mais caros.
Os serviços prestados por uma agência de propaganda também ficaram caros.
Com o passar do tempo, as necessidades do marketing começaram a exigir ações e especializações diferenciadas e muitas agências, a maioria delas não conseguiu atender a estas necessidades.
O marketing direto, o endo-marketing, o marketing de relacionamento, o branding, o advento da internet e o e-commerce, as tecnologias para criação e produção de sites e apresentações eletrônicas e outros tantos, fizeram com que muito profissionais de agências enxergassem o potencial destes mercados e as deficiências das agências em que trabalhavam, e abriram então, seus próprios negócios.
Em volta do negócio principal da publicidade, surgiram satélites de prestação de serviços que hoje complementam o rol de serviços de comunicação e marketing que servem aos objetivos de uma empresa.
Comunicar, através da propaganda, não é mais a grande solução para atingir os objetivos de um planejamento de marketing bem elaborado.
Desta forma, as grandes organizações da publicidade mundial detectaram a necessidade de se abrir novas frentes de negócios para complementar o principal.
Criar um anúncio de revista, um filme pra televisão, uma campanha de rádio se tornou algo isolado e simplório.
Qualquer garoto mais criativo e que saiba manejar softwares de design e editoração de publicações e imagens tem a capacidade de criar e desenvolver campanhas de boa qualidade.
Na minha visão futurista, as agências de propaganda irão gradativamente perder seu espaço e as empresas voltarão ao formato das houses e dentro deste mesmo formato, montar um anel de serviços satélites, prestados por empresas especializadas, e que irão assim atender a todo o compromisso do marketing de comunicação, pré-estabelecido por seus planejadores.
Ter uma boa dupla criativa e um planejador de mídia, irá dar soluções para as necessidades básicas da empresa.
Eu particularmente acumulei, ao longo destes 25 anos de publicidade, experiência em quase todas as áreas, já produzi filmes pra TV, já dirigi alguns comerciais (6 ao todo), já dirigi atendimento, já ganhei prêmio como redator (festival ibero-americano), já tive minha agência, já fui marketing, consultor de comunicação e tenho buscado muito nestes últimos tempos aprender mais sobre a modernidade, sobre os rumos da comunicação e das necessidades de se fazer um bom marketing.
Não devemos nos esquecer que a propaganda e a publicidade são ferramentas à disposição do marketing e que não podem mais trabalhar isoladas.
As grandes agências, ligadas ou não aos enormes conglomerados de comunicação internacionais estão, neste último suspiro, engolindo as médias e pequenas, num furor esfomeado por faturamento e por clientes.
Criativos famosos ainda roubam clientes de agências para montarem seus próprios negócios.
Empresários e aventureiros de outras áreas tentam investidas na propaganda por conta do glamour e da alta rentabilidade do negócio.
Mas o que temos visto é o fracasso destes criativos na sua maioria, pois seus negócios duram pouco mais de um ano e depois acabam fechando por falta de capacidade de prestar um serviço que vá mais além do que a simples criação de uma campanha de mídia.
Um fracasso também, na tentativa de gente que não é publicitário ou marketeiro querer investir num negócio desconhecido. Envolvem jovens sonhadores, fazem promessas a veteranos experientes e no final fecham as portas por ineficiência administrativa.
A pergunta do título do artigo permanece e eu, bom, eu vou cada vez mais buscar aprender e crescer.
* artigo de Geara publicado na sua coluna semanal no site Rádio Agência
* Geara escreve tb diariamente no seu Blog Propaganda & Marketing:
http://propaganda-e-marketing.blogspot.com/
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